Encontrei um texto muito bom, ai vai:
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A curiosidade em ultrapassar os limites da visão
acompanha o homem desde os tempos antigos. Com o surgimento das primeiras
lentes, inicialmente usadas para tratar distúrbios da visão, o homem percebeu
que tinha em mãos um instrumento que poderia levá-lo muito além. Graças à
perseverança de muitos cientistas, hoje a contemplação dos planos molecular
e atômico é uma realidade.
O termo histologia foi usado pela primeira vez em
1819 por Mayer, que aproveitou o termo “tecido” que o Dr. Xavier Bichat
(anatomista francês) instituiu, muito tempo antes (por volta de 1800), para
descrever macroscopicamente as diferentes camadas encontradas por ele no corpo
animal. Mayer fez a conjunção do termo histos = tecido e logos = estudo. Bichat
é reconhecido como o pai da histologia e patologia modernas. Apesar do fato
dele ter trabalhado sem um microscópio, foi capaz de fazer avançar
significativamente a compreensão do corpo humano. Ele foi o primeiro a
introduzir o conceito de tecido como entidades distintas e sustentou a tese de
que as doenças atacavam os tecidos em vez de todo o órgão.
A
história da histologia é confluente com os avanços da microscopia. Muito antes
(e durante) os experimentos do Dr. Xavier Bichat e Mayer vários cientistas
trabalharam no desenvolvimento de lentes cada vez mais potentes.
O surgimento
da microscopia começa com a fabricação das primeiras lentes ópticas, através do
polimento do vidro, pelo italiano Salvino d´Amato, em 1285. A ideia de combinar
lentes para aumentar o tamanho dos objetos menores data de 1590 e deve-se a
Zacharias Janssen, sendo, o primeiro microscópio por ele desenvolvido capaz de
uma ampliação de cerca de 30x. A capacidade de ampliação foi evoluindo em
consequência do aperfeiçoamento das lentes. No séc. XVII, Antonie Van
Leeuwenhoek (físico holandês) desenvolveu o microscópio simples capaz de
ampliações de até 200x e medindo apenas 6,7 centímetros, com o qual o cientista
fez a primeira observação de bactérias, às quais na altura deu o nome de protozoários.
Durante o séc. XVIII o microscópio tornou-se um objeto em moda, sendo fabricado
por artífices com o propósito de servir como peça de decoração e satisfação da
curiosidade dos ricos da época. Ainda neste século, o microscópio passa a fazer
parte do processo de ensino das classes nobres e ricas da sociedade.
No entanto, mesmo com as sucessivas conquistas no
quesito ampliação, as imagens obtidas continuavam a ser de qualidade inferior,
devido às dificuldades em eliminar as aberrações cromáticas e distorções
resultantes de imperfeições das lentes. Apenas no século XIX, com o
aperfeiçoamento dos sistemas de fabricação de lentes, conseguiu-se atingir o
limite de resolução máximo possível utilizando luz visível. Surgem também neste
século os primeiros microscópios binoculares (duas oculares em vez de apenas
uma). Para a melhoria das imagens obtidas com o microscópio óptico, foram
também cruciais os avanços obtidos na preparação do material biológico para
observação (fixação, inclusão, corte e coloração). Os primeiros ateliers
especializados na fabricação e comércio dos microscópios surgem em meados do
século XIX, destacando-se o de Camille-Sébastien Nachet, inaugurado em Paris em
1835, e o de Karl Zeiss, inaugurado na Alemanha em 1846.
Em
consequência do desenvolvimento da microscopia, foi possível a observação e
descoberta de inúmeras estruturas e seres vivos microscópicos até então
desconhecidos, como bactérias, protozoários e fungos. Também graças ao
desenvolvimento da microscopia, em 1835, Schleiden e Schwann, propõem as bases
da teoria celular, primeiro grande princípio unificador da biologia, o qual
postula que todos os organismos vivos são constituídos por células, sendo estas
as unidades estruturais e funcionais dos mesmos.
Já no século XX, surgem novas variantes do
microscópio óptico, sendo de destacar a invenção do microscópio de contraste de
fases (Zernicke, 1941) e o de contraste diferencial (Normanski, 1952).
O aperfeiçoamento do microscópio óptico foi
conduzido a tal ponto que, a única limitação era o grande comprimento de onda
da radiação (luz visível) utilizada para iluminação, impedindo a obtenção de um
maior poder de resolução. Esta dificuldade levou os cientistas a procurarem um
modelo de microscópio que usando outro tipo de radiação para iluminação (com
menor comprimento de onda que a luz visível) permitisse aumentar ainda mais a
resolução.
Em 1924,
o físico Louis de Broglie, constata que um feixe de elétrons apresenta um
comportamento idêntico aos raios luminosos, mas com um comprimento de onda
10.000x menor, o que lança os fundamentos da microscopia eletrônica,
conjuntamente com a teoria do efeito de foco de um campo magnético ou
eletrostático sobre um feixe de elétrons, desenvolvida em 1926 por Hans Bush,
investigador da Universidade de Jena, a qual prova que é possível focar um
feixe de elétrons com lentes magnéticas cilíndricas. Estavam assim elaboradas
as bases teóricas do microscópio eletrônico, sendo o primeiro aparelho
construído em 1931/1932 por Ernst Ruska (Prêmio Nobel da Física em 1986) e por
Max Knoll. Em 1933 o microscópio eletrônico ultrapassava já o limite de resolução
do microscópio óptico. No entanto, só após a Segunda Guerra Mundial o
microscópio eletrônico se desenvolve completamente, sendo o Elmskop I,
desenvolvido por Ernst Ruska e Bodo Van Bonier nos laboratórios da Siemens, o
mais famoso dos primeiros microscópios eletrônicos.
A microscopia
eletrônica teve um rápido desenvolvimento em poucos anos, graças a grandes
aperfeiçoamentos técnicos que permitiram não apenas maiores valores de
ampliação, mas também aumentos sucessivos da capacidade de resolução e da
qualidade das imagens obtidas. Estes progressos foram possíveis graças ao
aperfeiçoamento dos métodos de preparação do material biológico para
observação, sendo desenvolvidas várias técnicas, como a de obtenção de cortes
ultrafinos e a de fixação de estruturas celulares através do uso de resinas
sintéticas, entre outras. Uma variante do microscópio eletrônico com grande
interesse para a biologia, já que permite a obtenção de imagens de material não
seccionado, é o microscópio eletrônico de varredura ou scanning,
desenvolvido pela primeira vez em 1965 pela empresa Cambridge Instruments. "
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